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Censo 2024: Guia prático para o planejamento estratégico data-driven em IES

  • Foto do escritor: Bruno Barreto
    Bruno Barreto
  • 30 de set.
  • 4 min de leitura

Há uma semana, o Censo da Educação Superior 2024 foi divulgado, revelando marcos históricos e tendências do setor. No Grupo Crátilo, já apresentamos a você as análises dos principais indicadores (confira aqui: https://shre.ink/SIzd). Agora, o desafio é ir além da leitura: como o gestor de IES pode, de fato, integrar esses dados no planejamento estratégico do dia a dia? Este guia prático visa traduzir os achados do Censo em um roteiro acionável para uma gestão data-driven.


1. Revisão de portfólio: onde o mercado está e para onde vai


O Censo 2024 confirma a hegemonia da REDE PRIVADA e do EaD como motores de expansão, com 80% das matrículas e o EaD superando o presencial. Isso exige uma revisão contínua e ágil do portfólio de cursos.

  • Planejamento da expansão do EaD: Há alguns anos o EaD não é mais uma alternativa, é a principal modalidade. Sua IES deve planejar a expansão do EaD de forma estratégica, identificando novos mercados. O Censo mostra que o EaD está presente em 3.387 municípios, um aumento de 97% desde 2014, e 2.300 municípios contam SOMENTE com cursos EaD. Use dados georreferenciados para identificar esses "vazios" e planejar a abertura de polos ou a expansão da oferta digital, considerando o perfil do aluno EaD.

  • Investimento em cursos tecnológicos: São os GRANDES CAMPEÕES DE CRESCIMENTO, com +153,6% de ingressantes e 82,6% das matrículas em EaD. Sua IES deve investir pesadamente na criação e atualização de cursos tecnológicos EaD, alinhados às demandas do mercado de trabalho. Analise as tendências de empregabilidade e as necessidades regionais para desenvolver programas que garantam rápida inserção profissional.

  • Estratégia para licenciaturas: PEDAGOGIA REINA como o maior curso, mas o novo marco legal do EaD é um DESAFIO REGULATÓRIO GIGANTE. Com 91% das matrículas em licenciatura no EaD na rede privada, sua IES precisa reavaliar o portfólio de licenciaturas. Quais áreas serão impactadas? Como adaptar a metodologia e a oferta para garantir a formação de professores, talvez explorando modelos híbridos ou parcerias estratégicas para manter a escala e a qualidade?


2. Otimização da captação: transformando vagas ociosas em matrículas


A OCIOSIDADE DE VAGAS é um GRANDE DESPERDÍCIO: 22,6 MILHÕES de vagas ofertadas em 2024, mas apenas 4,4 MILHÕES de ingressantes, com a rede privada preenchendo só 23,0% das vagas novas. Isso pode não ser apenas falta de demanda, mas pode indicar também um gargalo na captação que exige uma abordagem data-driven.

  • Análise do funil de ingresso: O ENSINO MÉDIO é um FUNIL APERTADO, com menos de 2,5 MILHÕES de concluintes. Sua IES deve mapear o funil de captação, identificando os pontos de perda. Por que apenas 22,9% dos jovens de 18 a 24 anos frequentam o Ensino Superior, ficando 10,1 p.p. abaixo da Meta 12 do PNE (33%)? As barreiras são financeiras, de preparo, ou de informação?

  • Segmentação e comunicação personalizada: Utilize os dados do Censo sobre o perfil do aluno para segmentar suas campanhas. A comunicação deve ser direcionada, abordando as dores e aspirações específicas de cada público, e desmistificando o acesso.

  • Programas de nivelamento e acesso: Considere a criação de programas de nivelamento ou cursos preparatórios que facilitem a transição do ensino médio para o superior, mitigando as barreiras de preparo acadêmico. Parcerias com escolas de ensino médio também podem ser estratégicas para ampliar o alcance.


3. Eficiência operacional e gestão docente: qualidade em escala


O ABISMO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO na docência é um indicador crucial,  a rede privada atende a um volume de alunos 4x maior com o mesmo número de professores:

  • Otimização da alocação docente: Sua IES deve analisar a relação aluno/docente por curso e modalidade. Como otimizar a alocação de professores, especialmente no EaD, garantindo a qualidade pedagógica sem sobrecarga? Isso pode envolver o uso de tecnologias educacionais e a capacitação para novas metodologias.

  • Investimento em tecnologia e metodologias ativas: Para escalar com qualidade, é fundamental investir em plataformas tecnológicas robustas e capacitar docentes em metodologias ativas que promovam o engajamento e a aprendizagem autônoma, especialmente no EaD.

  • Gestão de talentos docentes: A rede privada tem mais mestres e predominância de regime parcial. Como atrair e reter talentos docentes que se adaptem a esse modelo, valorizando a experiência de mercado e a flexibilidade, e garantindo a qualificação necessária?


4. Estratégias de diferenciação e posicionamento no mercado


A DINÂMICA DO MERCADO mostra ALTA CONCENTRAÇÃO: 4 IES detêm 23% dos estudantes. Se sua IES é de pequeno ou médio porte, a diferenciação é vital.

  • Identificação de nichos: Use os dados do Censo para identificar nichos de mercado não explorados pelas grandes instituições. Pode ser uma especialização em cursos tecnológicos, um foco em uma área de licenciatura específica, ou uma proposta de valor única para o público EaD em municípios desassistidos.

  • Proposta de valor única: Sua IES precisa comunicar claramente o que a torna diferente. É a qualidade do corpo docente, a infraestrutura, a empregabilidade dos egressos, a flexibilidade, ou um modelo pedagógico inovador? A análise da média nacional de 17,9 cursos por IES, com 28,5% das IES ofertando até 2 cursos, sugere que focar na excelência do nicho pode ser uma estratégia viável.


O Censo 2024 não é um ponto final, mas um ponto de partida para um planejamento estratégico dinâmico e data-driven. A capacidade de interpretar esses dados, adaptá-los à sua realidade regional e transformá-los em ações concretas será o diferencial para a sustentabilidade e o crescimento da sua IES.


Se você busca aprofundar essa análise e adaptar esses insights à realidade específica da sua instituição e da sua região, me procure para uma conversa estratégica.



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