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Como estruturar uma área de Inteligência de Mercado na sua IES

  • Foto do escritor: Bruno Barreto
    Bruno Barreto
  • 22 de set.
  • 4 min de leitura

No ambiente competitivo da educação superior brasileira, a intuição e a experiência, embora valiosas, não são mais suficientes para garantir o sucesso. A complexidade do mercado, a velocidade das mudanças no comportamento dos alunos e a acirrada disputa por cada matrícula exigem uma abordagem mais científica e menos subjetiva. A resposta para esse desafio é a estruturação de uma área de Inteligência de Mercado (IM) dedicada, um passo que deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade de sobrevivência.


Uma área de IM eficaz funciona como o sistema nervoso central da instituição, captando sinais internos e externos para orientar decisões estratégicas com base em evidências. Ela vai muito além de uma simples análise de concorrência, influenciando desde a definição do portfólio de cursos e a política de preços até a estratégia de comunicação e os planos de expansão. Mas como construir essa capacidade do zero?


Na B2EDU, braço de inteligência do Grupo Crátilo, desenvolvemos uma metodologia "Data-Driven" que se baseia em quatro pilares fundamentais para a implementação de uma cultura de dados em Instituições de Ensino Superior.


Pilar 1: Definição de Perguntas Estratégicas (O Que Precisamos Saber?)


O primeiro passo não é sair coletando dados a esmo, mas sim definir quais são as perguntas mais críticas para o futuro da instituição. Uma área de IM sem foco se afoga em um oceano de informações irrelevantes. As perguntas devem ser específicas, mensuráveis e diretamente ligadas a decisões de alto impacto. Por exemplo:


  • Qual é o market share da nossa instituição nos cursos de saúde na nossa área de influência primária e secundária?

  • Qual a correlação entre o nosso nível de investimento em marketing digital e o volume de inscritos por curso?

  • Qual o perfil demográfico e socioeconômico dos alunos que mais evadem no primeiro ano e de quais cursos eles vêm?

  • Existe demanda reprimida por cursos de pós-graduação em áreas de tecnologia que justifique um lançamento no próximo ano?


Essas perguntas direcionam todo o esforço de coleta e análise, garantindo que o trabalho da área de IM gere valor prático para os gestores.


Pilar 2: Mapeamento e Coleta de Fontes de Dados (Onde Encontrar as Respostas?)


Com as perguntas definidas, o próximo passo é mapear as fontes de dados. A força de uma análise está na combinação de diferentes tipos de informação. As principais fontes para uma IES são:


  • Dados Internos: São a mina de ouro da instituição. Incluem informações do sistema de gestão acadêmica (perfil de alunos, notas, frequência, evasão), dados do CRM (jornada do candidato, taxas de conversão por etapa do funil) e resultados de pesquisas de satisfação com alunos e egressos.

  • Dados Públicos: Essenciais para o contexto macro. A principal fonte é o Censo da Educação Superior (INEP/MEC), que fornece um panorama detalhado sobre cursos, matrículas, concorrência e corpo docente em nível nacional, regional e municipal. Dados do IBGE e de secretarias de trabalho também ajudam a entender o cenário socioeconômico e as demandas do mercado de trabalho.

  • Dados de Mercado (Coleta Ativa): Envolve o monitoramento sistemático da concorrência (análise de sites, editais de vestibular, posts em redes sociais), o uso de ferramentas como Google Trends para medir o interesse por determinados cursos ao longo do tempo, e a análise de relatórios setoriais de consultorias especializadas.


Pilar 3: Análise, Modelagem e Geração de Insights (Como Transformar Dados em Inteligência)


Esta é a etapa onde a mágica acontece. Não basta ter os dados, é preciso saber cruzá-los e interpretá-los. As metodologias de análise podem variar em complexidade:


  • Análise Descritiva: O que aconteceu? (Ex: "Nossa taxa de evasão no curso X aumentou 15% no último ano").

  • Análise Diagnóstica: Por que aconteceu? (Ex: "Cruzando com dados de pesquisa, descobrimos que o aumento da evasão está ligado à percepção de desatualização da matriz curricular").

  • Análise Preditiva: O que vai acontecer? (Ex: "Com base na tendência de queda de buscas e no aumento da oferta pela concorrência, nosso modelo prevê uma redução de 20% na procura pelo curso Y em 2026").

  • Análise Prescritiva: O que devemos fazer? (Ex: "Para mitigar a queda, recomendamos um reposicionamento do curso Y com foco em um nicho de mercado específico e um ajuste de 10% na mensalidade").


Ferramentas de Business Intelligence (BI) como Power BI ou Tableau são fundamentais para visualizar e democratizar o acesso a essas análises, mas a inteligência humana para interpretar os resultados e contar a história por trás dos números é insubstituível.


Pilar 4: Disseminação e Cultura Organizacional (Como Garantir que a Inteligência Seja Usada)


O melhor relatório de inteligência de mercado é inútil se ficar na gaveta. A etapa final é criar um fluxo para que os insights cheguem aos tomadores de decisão no formato certo e na hora certa. Isso pode incluir a criação de comitês estratégicos mensais, o envio de boletins de inteligência para as lideranças e a integração de dashboards de performance nas rotinas de gestão.


O objetivo final é evoluir de uma organização que tem dados para uma organização que pensa com dados. É uma jornada que exige investimento em tecnologia, processos e, acima de tudo, em pessoas. Mas o retorno é claro: decisões mais rápidas, mais seguras e uma vantagem competitiva quase impossível de ser copiada.


Tomar decisões baseadas em 'achismo' custa caro. Se você quer implementar uma cultura de dados, me chame para um café.



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